Com previsão de finalização das obras em dezembro de 2013 e
promessas do Governo Estadual de que funcionaria já em fevereiro de 2014, a
população Caravelense começou a se questionar sobre a possível revitalização do
Aeroporto de Caravelas. A preocupação aumentou quando o Aeroporto de Teixeira
de Freitas, que iniciou as reformas ainda em 2014 começou a receber vôos
regulares. Será que desistiram do Aeroporto de Caravelas? Será que estão mesmo
trabalhando na reforma do nosso Aeroporto? E afinal, pra onde foram os 18
milhões que prometeram investir? Pois é, o Jornal O Samburá foi atrás destas e de outras
respostas, leia:
Aeroporto das
Conchas de Caravelas, história e glória recuperadas
O Aeroporto das Conchas está na
memória do povo Caravelense, que lembra os anos de grande movimentação na
cidade, quando agitava a vida pacata dos moradores da região e
ajudou muito a economia local. Os moradores que presenciaram esta fase contam O aeroporto de
Caravelas chegou a ter cinco empresas operando comercialmente, com voos
regulares. Também contam que devido aos vôos internacionais
era possível ter acesso ao jornal New York Times do dia e “pegar carona” nos
vôos regulares que iam e vinham a Recife e ao Rio de Janeiro.
Moradores mais antigos contam que já
na década de 1920 existia uma pista de terra batida no local, mas o Aeroporto
como conhecido hoje em dia foi construído na década de 1940 pelos americanos em acordo com Governo
brasileiro, com o objetivo de atuar como base aérea militar das forças aliadas
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os americanos instalaram
bases aéreas em cinco pontos estratégicos na América do Sul: Belém (PA), Natal
(RN), Salvador, Recife (PE) e Caravelas (BA). Nesta época pousavam aqui aviões
supersônicos e cargueiros. O Sr. Elias Siquara, de 91 anos, guarda na memória a
época em que a cidade estava em clima de guerra e conta que "até cassino
eles colocaram pra funcionar. Era um movimento grande, com os militares andando
pela cidade”, observou Elias.
Com o fim da guerra o
aeroporto continuou em funcionamento, até que em 2007 foi interditado pelo
Ministério da Aeronáutica devido às precárias condições das pistas, que
estariam soltando britas e causando risco às aeronaves. Em julho de 2009, quando o então presidente Lula e o
Governador Jaques Wagner estiveram em Caravelas para a cerimônia de comemoração
do Dia Mundial do Meio Ambiente e criação da Reserva Extrativista de Cassurubá,
nos manguezais da região de Abrolhos, em seu discurso ele já prometia a
revitalização do Aeroporto, que iniciou em dezembro de 2010.
Sob
responsabilidade da Aeronáutica, o investimento de R$ 18 milhões veio através
do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do Governo Federal e está sendo
aplicado através de convênio com o 11º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército
Brasileiro, que executa a obra de restauração
das pistas e pátio. Abaixo, acompanhe
uma entrevista com o Capitão Marcus César, militar
responsável pela obra do Aeroporto.
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Capitão Marcus Cesar em entrevista ao Jornal Comunitário O Samburá |
Samburá: O Aeroporto de Caravelas estava
previsto para ficar pronto em 2013, porque a demora?
Capitão: Toda obra pode trazer surpresas, como se trata de um aeroporto de
grande porte, o reforço na estrutura tem que ser detalhado, com muita
qualidade. Temos um acompanhamento tecnológico, seguimos muitas normas. A
fiscalização está presente 24 horas, para aprovar a qualidade do asfalto, por
exemplo. Tivemos dois problemas que atrasaram as obras, o primeiro foram as
chuvas, que paralisaram a obra em vários períodos, pois quando chove, devido ao
solo arenoso da região, a pista ficava molhada, a umidade vem de baixo e de
cima. Outro problema foi que o projeto inicial previa o aproveitamento do
asfalto antigo, porém houve locais onde a fundação desse asfalto antigo não
suportou o tráfego das máquinas trabalhando, implicando na necessidade de
refazer a base nesses locais. Isso aumentou o custo da obra, necessitando de
mais recurso para finalizá-la. Todo o recurso recebido já foi aplicado, estamos
aguardando nova descentralização para realizar os serviços restantes.O
resultado agora é de grande qualidade e a durabilidade será muito melhor.
Samburá: O que o projeto prevê? O que já
foi feito e o que ainda falta fazer?
Capitão: O Convênio entre a Aeronáutica e o Exército prevê a revitalização do
asfalto das 2 pistas de pouso e decolagem, uma com 1.530 metros (principal) e a
outra com 1.150 (secundária), das duas pistas de
taxiamento, o pátio de aeronaves, que pode abrigar cerca de 10 aviões, a
pintura completa das pistas e o gramado ao redor. Deste projeto já está 94,43%
pronto, as duas pistas de pouso e decolagem estão ok, o pátio de aeronaves está
ok, a pista de taxiamento Alfa também está pronta, inclusive com pintura e
gramado. Agora falta uma parte da outra pista de taxiamento, chamada de Bravo,
com 500 metros de comprimento. Ela já recebeu a primeira camada de asfalto e
faltam duas. Faltam também os detalhes de acabamento, como gramado em alguns
pontos, pintura e camada final de asfalto nos pontos de encontro das pistas.
Samburá: Quantas pessoas
foram envolvidas na obra?
Capitão: Atualmente estão envolvidos na obra 210
homens, mas em alguns momentos chegamos a ter 280.
Samburá: Qual a situação
atual da obra e qual a previsão para finalização?
Capitão: Estamos esperando o recurso do Governo
Federal previsto para este início de outubro para finalizar a obra. Se tudo
correr como planejado, a previsão é de finalizar ainda este ano.
Samburá: Quando o Exército
acabar a obra os aviões já podem pousar? O que ainda falta ser feito?
Capitão: Teoricamente sim, mas ainda faltam detalhes
operacionais, importantes principalmente para o uso comercial do Aeroporto. Após
o término da obra a expectativa é que a Aeronáutica repasse o Aeroporto para o
Governo do Estado, que ficará responsável pelas obras de infraestrutura e
segurança, como
balizamento noturno, além da parte da infraestrutura, com reforma do terminal
de passageiros, instalação de esteiras de bagagem, equipamentos de Raio-X,
concessão de espaços para prestação de serviços, Corpo de Bombeiros, etc.
Samburá: Qual a importância
do Aeroporto de Caravelas agora que a região tem o Aeroporto de Teixeira de
Freitas funcionando?
Capitão: De
grande porte, o Aeroporto de Caravelas está ao nível do mar, significando
desempenho muito melhor para todas as operações aéreas. Também não há obstáculos nas áreas de aproximação e nem
perto das cabeceiras, pois a área de escape é muito grande, mais de 1 km até a
rodovia. Como possui
duas pistas de aterrissagem em forma de “X”, permitindo operações seguras de pouso e decolagem sem
depender tanto do padrão dos ventos. O Aeroporto de Teixeira de Freitas é
importante nesse primeiro momento, para atrair turistas e beneficiar a
população, mas a pista é mais estreita e mais curta, com a rodovia bem ao lado,
o que aumenta as limitações. O de Caravelas tem infraestrutura melhor e
condições de receber aviões grandes, além de ter área ao redor para crescer, se
necessário.
(CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO!)
FONTE: Jornal Comunitário O Samburá.