terça-feira, 11 de novembro de 2014

Jornal Comunitário O Samburá visita obra do Aeroporto de Caravelas e traz entrevista exclusiva

Com previsão de finalização das obras em dezembro de 2013 e promessas do Governo Estadual de que funcionaria já em fevereiro de 2014, a população Caravelense começou a se questionar sobre a possível revitalização do Aeroporto de Caravelas. A preocupação aumentou quando o Aeroporto de Teixeira de Freitas, que iniciou as reformas ainda em 2014 começou a receber vôos regulares. Será que desistiram do Aeroporto de Caravelas? Será que estão mesmo trabalhando na reforma do nosso Aeroporto? E afinal, pra onde foram os 18 milhões que prometeram investir? Pois é, o Jornal O Samburá foi atrás destas e de outras respostas, leia:

Aeroporto das Conchas de Caravelas, história e glória recuperadas

O Aeroporto das Conchas está na memória do povo Caravelense, que lembra os anos de grande movimentação na cidade, quando agitava a vida pacata dos moradores da região e ajudou muito a economia local. Os moradores que presenciaram esta fase contam O aeroporto de Caravelas chegou a ter cinco empresas operando comercialmente, com voos regulares. Também contam que devido aos vôos internacionais era possível ter acesso ao jornal New York Times do dia e “pegar carona” nos vôos regulares que iam e vinham a Recife e ao Rio de Janeiro.

Moradores mais antigos contam que já na década de 1920 existia uma pista de terra batida no local, mas o Aeroporto como conhecido hoje em dia foi construído na década de 1940 pelos americanos em acordo com Governo brasileiro, com o objetivo de atuar como base aérea militar das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os americanos instalaram bases aéreas em cinco pontos estratégicos na América do Sul: Belém (PA), Natal (RN), Salvador, Recife (PE) e Caravelas (BA). Nesta época pousavam aqui aviões supersônicos e cargueiros. O Sr. Elias Siquara, de 91 anos, guarda na memória a época em que a cidade estava em clima de guerra e conta que "até cassino eles colocaram pra funcionar. Era um movimento grande, com os militares andando pela cidade”, observou Elias.

Com o fim da guerra o aeroporto continuou em funcionamento, até que em 2007 foi interditado pelo Ministério da Aeronáutica devido às precárias condições das pistas, que estariam soltando britas e causando risco às aeronaves. Em julho de 2009, quando o então presidente Lula e o Governador Jaques Wagner estiveram em Caravelas para a cerimônia de comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente e criação da Reserva Extrativista de Cassurubá, nos manguezais da região de Abrolhos, em seu discurso ele já prometia a revitalização do Aeroporto, que iniciou em dezembro de 2010.

Sob responsabilidade da Aeronáutica, o investimento de R$ 18 milhões veio através do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do Governo Federal e está sendo aplicado através de convênio com o 11º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, que executa a obra de restauração das pistas e pátio. Abaixo, acompanhe uma entrevista com o Capitão Marcus César, militar responsável pela obra do Aeroporto.

Capitão Marcus Cesar em entrevista ao Jornal Comunitário O Samburá

Samburá: O Aeroporto de Caravelas estava previsto para ficar pronto em 2013, porque a demora?
Capitão: Toda obra pode trazer surpresas, como se trata de um aeroporto de grande porte, o reforço na estrutura tem que ser detalhado, com muita qualidade. Temos um acompanhamento tecnológico, seguimos muitas normas. A fiscalização está presente 24 horas, para aprovar a qualidade do asfalto, por exemplo. Tivemos dois problemas que atrasaram as obras, o primeiro foram as chuvas, que paralisaram a obra em vários períodos, pois quando chove, devido ao solo arenoso da região, a pista ficava molhada, a umidade vem de baixo e de cima. Outro problema foi que o projeto inicial previa o aproveitamento do asfalto antigo, porém houve locais onde a fundação desse asfalto antigo não suportou o tráfego das máquinas trabalhando, implicando na necessidade de refazer a base nesses locais. Isso aumentou o custo da obra, necessitando de mais recurso para finalizá-la. Todo o recurso recebido já foi aplicado, estamos aguardando nova descentralização para realizar os serviços restantes.O resultado agora é de grande qualidade e a durabilidade será muito melhor.

Samburá: O que o projeto prevê? O que já foi feito e o que ainda falta fazer?
Capitão: O Convênio entre a Aeronáutica e o Exército prevê a revitalização do asfalto das 2 pistas de pouso e decolagem, uma com 1.530 metros (principal) e a outra com 1.150 (secundária), das duas pistas de taxiamento, o pátio de aeronaves, que pode abrigar cerca de 10 aviões, a pintura completa das pistas e o gramado ao redor. Deste projeto já está 94,43% pronto, as duas pistas de pouso e decolagem estão ok, o pátio de aeronaves está ok, a pista de taxiamento Alfa também está pronta, inclusive com pintura e gramado. Agora falta uma parte da outra pista de taxiamento, chamada de Bravo, com 500 metros de comprimento. Ela já recebeu a primeira camada de asfalto e faltam duas. Faltam também os detalhes de acabamento, como gramado em alguns pontos, pintura e camada final de asfalto nos pontos de encontro das pistas.

Samburá: Quantas pessoas foram envolvidas na obra?
Capitão: Atualmente estão envolvidos na obra 210 homens, mas em alguns momentos chegamos a ter 280.

Samburá: Qual a situação atual da obra e qual a previsão para finalização?
Capitão: Estamos esperando o recurso do Governo Federal previsto para este início de outubro para finalizar a obra. Se tudo correr como planejado, a previsão é de finalizar ainda este ano.

Samburá: Quando o Exército acabar a obra os aviões já podem pousar? O que ainda falta ser feito?
Capitão: Teoricamente sim, mas ainda faltam detalhes operacionais, importantes principalmente para o uso comercial do Aeroporto. Após o término da obra a expectativa é que a Aeronáutica repasse o Aeroporto para o Governo do Estado, que ficará responsável pelas obras de infraestrutura e segurança, como balizamento noturno, além da parte da infraestrutura, com reforma do terminal de passageiros, instalação de esteiras de bagagem, equipamentos de Raio-X, concessão de espaços para prestação de serviços, Corpo de Bombeiros, etc.

Samburá: Qual a importância do Aeroporto de Caravelas agora que a região tem o Aeroporto de Teixeira de Freitas funcionando?
Capitão: De grande porte, o Aeroporto de Caravelas está ao nível do mar, significando desempenho muito melhor para todas as operações aéreas. Também não há obstáculos nas áreas de aproximação e nem perto das cabeceiras, pois a área de escape é muito grande, mais de 1 km até a rodovia. Como possui duas pistas de aterrissagem em forma de “X”, permitindo operações seguras de pouso e decolagem sem depender tanto do padrão dos ventos. O Aeroporto de Teixeira de Freitas é importante nesse primeiro momento, para atrair turistas e beneficiar a população, mas a pista é mais estreita e mais curta, com a rodovia bem ao lado, o que aumenta as limitações. O de Caravelas tem infraestrutura melhor e condições de receber aviões grandes, além de ter área ao redor para crescer, se necessário.

(CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO!)


FONTE: Jornal Comunitário O Samburá.

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