sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Resex do Cassurubá vai lançar em dezembro o Projeto Cassuruçá, que vai organizar a venda do caranguejo-uçá pela comunidade, com base nos princípios do comércio justo e solidário


A Reserva Extrativista (Resex) de Cassurubá, no litoral sul da Bahia, se prepara para lançar em dezembro o Projeto Cassuruçá, que vai organizar a venda do caranguejo-uçá pela comunidade, com base nos princípios do comércio justo e solidário (Leia mais abaixo). Um dos resultados será a eliminação da figura do atravessador, criando mais renda para todos.

A comercialização será feita, na primeira etapa, pelos caranguejeiros das comunidades de Tapera, Miringaba, Perobas, Rio dos Macacos, Lopes e Ponta de Areia, todas no interior da reserva. A estrutura está sendo montada para que os extrativistas façam a venda direta do caranguejo-uçá, inicialmente, para bares e restaurantes de Vitória (ES).

Em agosto, representantes da reserva estiveram na capital capixaba para avaliar as possibilidades de negócio com o comércio local. Em setembro, foi feita a primeira venda de mil caranguejos a um restaurante. A iniciativa deu tão certo que os caranguejeiros seguiram com entregas semanais, já livres da relação de exploração imposta pelos atravessadores.

Só para se ter uma ideia, o preço normalmente pago por caranguejo pelos atravessadores que atuam em Cassurubá gira em torno de R$ 0,70 a R$ 1. Enquanto isso, na primeira carga vendida diretamente pelos extrativistas a restaurante de Vitória, o  valor unitário chegou a R$ 3,33. Isso porque foi apenas uma entrega amostral com caranguejos de 8 cm de carapaça, disseram os gestores da reserva.

Estudo de mercado

Nos dias 26 e 27 de agosto, em mais uma das etapas de implantação do Projeto Cassuruçá, representantes da Resex de Cassurubá viajaram a Vitória para fazer estudo de viabilidade de mercado do caranguejo-uçá na cidade capixaba.

O grupo reuniu-se com dirigentes do sindicato patronal dos bares e restaurantes do Espírito Santo, o Sindbares, que congrega os principais restaurantes especializados em caranguejo de Vitória, e conheceu as associações de caranguejeiros locais.

Participaram ainda de reunião do Fórum Manguezal, espaço que congrega diversos segmentos sociais vinculados à cadeia produtiva do mangue. No encontro, na sede do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema), o grupo apresentou o Projeto Cassuruçá e compartilhou informações com novos parceiros.

De volta à reserva, os participantes da viagem passaram, praticamente, todo o mês de setembro realizando reuniões com as comunidades de carangujeiros envolvidas no Projeto Cassuruçá. Desses encontros, surgiram os primeiros negócos que vêm sendo feitos com restaurantes de Vitória.

Ficou acertado, ainda, que o projeto será iniciado oficialmente em dezembro com a participação das comunidades mais organizadas. Numa segunda etapa, as demais comunidades deverão se juntar ao movimento, de modo que todos tenham ganhos.

Saiba mais

O comércio justo e solidário é uma tendência de fluxo comercial diferenciada, baseada em critérios de justiça e solidariedade nas relações entre produtores e consumidores. Estimula o protagonismo dos empreendimentos econômicos e solidários (EES) por meio da participação ativa da comunidade e do reconhecimento da sua autonomia.

Tem como objetivos estimular o desenvolvimento sustentável, a justiça social, a soberania e a segurança alimentar e nutricional; garantir os direitos dos produtores e consumidores; fortalecer a cooperação entre produtores, consumidores e suas respectivas organizações para aumentar a viabilidade, reduzindo riscos e dependências econômicas; e, principalmente, garantir a remuneração justa do trabalho, com a eliminação dos atravessadores.

FONTE: Comunicação ICMBio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário