quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Pesquisa revela que o mero, o peixe-serra e outros gigantes dos mares estão desaparecendo do Banco dos Abrolhos

Meros capturados no final dos anos 1980 no Banco dos Abrolhos.Crédito: Marquinhos do Pirata.
Um estudo realizado no Banco dos Abrolhos, localizado no sul da Bahia, revelou que nos últimos 50 anos, pescadores reconhecem um preocupante declínio na abundância de peixes que atingem mais de 50 centímetros, conhecidos como megafauna marinha. Contudo, o estudo notou que existe diferença na percepção de pescadores entre as gerações. Os mais velhos e experientes reconhecem um maior número de espécies desaparecidas que os mais novos, em especial peixes que atingem grandes proporções: como os gigantes mero e peixe-serra, que ultrapassam os 400kg. Este último é um animal raríssimo e com características inigualáveis entre os seres que habitam os mares. São parentes dos tubarões mas possuem uma serra frontal que usa para caçar suas presas (pequenos peixes). Ambas as espécies são capturadas com menor frequência e com tamanhos cada vez menores desde 1960. O peixe-serra, por exemplo, não é avistado há mais de dez anos em toda a região dos Abrolhos, e foi considerado pelos autores como uma espécie que colapsou numa das mais biodiversas regiões do Oceano. A pesquisa sustenta que há uma grande possibilidade desta espécie ser considerada extinta dentro de alguns anos. 

Foram feitas entrevistas com pescadores artesanais na Reserva Extrativista do Cassurubá, que abriga extensos manguezais do Banco dos Abrolhos. Segundo Vinicius Giglio, um dos autores do estudo, “o excesso de esforço de pesca foi apontado como principal causador do desaparecimento de espécies da megafauna marinha na região. Mesmo quando praticada de modo artesanal, a pesca pode causar o declínio de grandes peixes costeiros e até levar espécies à beira da extinção”. Estes resultados são um alerta para a comunidade científica, gestores e público em geral de que as medidas de gestão usadas na região nas últimas décadas têm sido insuficientes para manter a sustentabilidade dos recursos pesqueiros. 

A pesquisa vem à tona em um momento que inaugura uma nova fase na gestão pesqueira do Brasil. A publicação da Portaria 445 que estabelece a Lista Nacional Oficial de Espécies Ameaçadas Aquáticas, publicada em Dezembro de 2014, a qual envolveu centenas de cientistas na revisão de informações sobre os peixes marinhos. A Portaria classifica o mero e o peixe-serra como ‘criticamente ameaçados’ e portanto suas capturas permanecem proibidas.

O estudo, publicado na revista científica Animal Conservation, foi realizado no âmbito do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras e Fundação Biodiversitas. Os autores são vinculados a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Macquarie University, na Austrália e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Cópias digitais do artigo podem ser obtidas através do link: http://goo.gl/5Js6bv

FONTE: Meros do Brasil.org

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