sexta-feira, 2 de março de 2012

Intenções de preservação da biodiversidade precisam sair do papel, afirma novo secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU

O atual secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Bráulio Ferreira de Souza Dias, terá como principal desafio tirar do papel as intenções de preservação da biodiversidade dentro e fora do país. O brasileiro foi escolhido como secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB) no último dia 20/02.

Segundo o portal de notícias EcoDebate, é a primeira vez que um brasileiro assume uma posição de secretário-executivo de uma convenção ambiental. “Isso representa o amadurecimento da questão ambiental no Brasil, de que temos evoluído nessa área. Se pensarmos nos anos 1980, o que saía do Brasil nos jornais eram desmatamento da Amazônia, queimadas e poluição nas grandes cidades. Era uma agenda muito negativa”, relembra Bráulio Dias.

E essa agenda continua difícil de ser revertida, de acordo com o secretário. “Mas acho que o Brasil vem conseguindo. A gente conseguiu reverter a tendência de desmatamento da Amazônia, que tem estado em queda contínua por vários anos. Além disso, o Brasil foi o país que criou mais unidades de conservação na última década e tem tido papel crescente de impacto nas negociações internacionais, influenciando a agenda internacional, não só de biodiversidade, mas também da mudança climática e desertificação. Em todas as convenções o Brasil é muito presente”, destaca.

Dias comemora os avanços do Brasil e do mundo em políticas públicas ambientais e a tomada de consciência da juventude, mas ressalta que “é agenda de mudança de cultura, de longo prazo”, e aponta graves fatores que vêm contribuindo para a perda da biodiversidade no país e no mundo.

Entre eles, está o crescimento da população, que em poucas décadas atingirá o número de nove bilhões de pessoas. O crescimento do consumo também é outra ameaça à biodiversidade. “A pressão entre os ecossistemas aumentou com a melhoria da qualidade de vida da população e integração de populações mais pobres na sociedade de consumo. Essa melhoria na qualidade de vida é boa, mas se não tomarmos cuidado, vamos esgotar recursos de pesquisa, água e florestas”, exemplifica ele. As mudanças climáticas e a globalização do comércio são outros fatores preocupantes.

“A legislação não pode ser excessivamente burocrática a ponto de desestimular pesquisas na biodiversidade brasileira. A gente se envolveu muito na negociação internacional porque não adiantava ter um marco aqui e não ter um no exterior”, explica. Porém, Dias ressalta que as facilidades priorizarão os interesses nacionais. “Os estrangeiros terão que cumprir uma exigência mais burocrática”, sublinha.

“Não poderemos criar impedimentos exagerados para estrangeiros que queiram acessar nossa biodiversidade, mas o que podemos facilitar é o acesso a partir de coleções ex situ. Agora, se quiser ir para o campo, enquanto prevalecer nossa política, vamos continuar exigindo a parceria com instituições nacionais”, conclui Bráulio Dias.

Fonte: Texto publicado pela AMDA, disponível também aqui.

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