quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Óleo de vazamento está na rota migratória de baleias jubarte com filhotes

 
Mamíferos podem ter problemas nos olhos, pele e respiração se passarem em mancha

O vazamento de óleo no Campo do Frade, na bacia de Campos, norte do Estado do Rio, vai afetar a migração das baleias jubarte, que passam metade do ano no Brasil, para se reproduzirem, e os outros seis meses na região das ilhas Malvinas, no Atlântico sul. O mês de novembro é exatamente a época em que esses mamíferos gigantes passam pela bacia de Campos, de acordo com o Instituto Baleia Jubarte, ONG que protege a espécie.

De acordo com a presidente da instituição, Márcia Engel, nessa época do ano, as baleias passam na região atingida pelo vazamento de óleo, acompanhadas de filhotes, para irem em direção ao Atlântico sul, onde passam metade do ano se alimentando de krill – uma espécie de camarão que é a principal alimentação da jubarte. - Estamos em fase de fêmeas com filhotes recém-nascidos, todas iniciando a imigração para as águas frias. Os cetáceos, por ter grande mobilidade, podem desviar. Elas também podem se afastar das manchas de óleo percebendo o cheiro, a textura ou a coloração da água. Mas, também podem se envolver nelas.

Ao passarem pelas manchas de óleo, segundo Márcia, as jubartes sofrem as consequências da contaminação. - Elas podem ter irritação nas mucosas, problemas nos olhos e na pele. Mas elas podem desenvolver, principalmente, problemas respiratórios. As baleias respiram na superfície e o petróleo evapora. Se elas rspirarem esse gás, podem ter problemas respiratórios. Para os filhotes, é ainda mais perigoso porque eles são mais vulneráveis.

As jubartes chegam ao Brasil por volta dos meses de junho e julho e ficam até novembro, meados de dezembro. A espécie se reproduz ao longo da costa Nordeste e na região do arquipélago de Abrolhos, ao sul da Bahia, seu maior berço reprodutivo. Esses cetáceos podem pesar entre 35 e 40 toneladas e medir até 16 metros. A jubarte tem nadadeiras que chegam a medir um terço do seu tamanho e é conhecida pelo salto potente, que pode projetar boa parte de seu corpo para fora da água.

O Instituto Baleia Jubarte está acompanhando as proporções do vazamento na bacia de Campos. Pela costa brasileira passaram neste ano cerca de 10 mil jubartes, segundo um censo da ONG, que será lançado oficialmente em 2012. De acordo com Márcia, o óleo vazado é um exemplo do perigo atual que essas baleias e outras espécies marinhas ainda correm.

- A população das baleias tem aumentado, em um processo bonito de recuperação, só que os desafios são muitos. Antes, era a caça e, agora, são fatores humanos como, por exemplo, esse vazamento de óleo, as redes de pesca, os grandes navios, a contaminação e os ruídos nos oceanos. A população está se recuperando e se deparando com um oceano diferente do passado, superocupado pelo homem.

Para Márcia, o vazamento de óleo não preocupa somente pela migração das jubartes, porque ao menos 20 espécies marinhas – entre elas, outros tipos de baleias, golfinhos e tartarugas – também podem ser afetadas.

FONTE: Do site CaravelasNews, disponível também no R7.

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