sábado, 14 de maio de 2011

Segunda reportagem do Bom Dia Brasil sobre a região dos Abrolhos

Interferência do homem ameaça ecossistema de Abrolhos

Ainda há o que acertar na convivência de algumas comunidades com a natureza, que tem lixo, esgoto e bichos que são estranhos a essa fauna.

Ontem o Bom Dia Brasil mostrou as belezas de Abrolhos, no litoral da Bahia, e a importância de um manguezal que fica a quilômetros de distância para o equilíbrio do arquipélago. Na reportagem desta quinta-feira (12), os repórteres Fábio Turci e Fernando Ferro mostram os problemas e a forma de preservação em uma das regiões mais bonitas do Brasil.

Cerca de mil famílias já viviam de pescar e catar caranguejos quando o lugar virou uma reserva ambiental. “Nossa família são 21 filhos, todos criados com caranguejo. Meu pai, minha mãe e a família foram passando. Eu, desde os 11 anos, comecei catando. Meus filhos e meu netos também estão no mesmo caminho, e nós estamos vivendo do caranguejo”, conta o catador de caranguejo Pedro Batista.

A criação da Reserva de Cassurubá, no sul da Bahia, não expulsou ninguém. “A reserva é um novo paradigma de unidade de conservação. O mais tradicional são as unidades de proteção integral, onde pensa-se sempre no homem fora, no menor impacto possível. Aqui é o contrário: a gente quer o pessoal dentro, mas o pessoal que vive dali”, afirma Joaquim Neto, chefe da Reserva de Cassurubá.

Quando veio gente de fora, antes de existir a reserva, a natureza não deu conta. Começou a faltar caranguejo nos manguezais. Cassurubá é uma reserva extrativista, ou Resex, como é mais conhecida. Tirar dos manguezais o próprio sustento é permitido desde que de maneira sustentável. Essa perspectiva de conciliar a exploração e a preservação abriu horizontes.

A criação da reserva ajudou a tornar possível uma alternativa de renda para a comunidade. Agora pescadores e catadores tentam viver também do ecoturismo. Mas ainda há o que acertar na convivência de algumas comunidades com a natureza, que tem lixo, esgoto e bichos que são estranhos a essa fauna. A interferência da urbanização até fez parte da lama do mangue secar. O bairro vai descaracterizando a vegetação típica.

Não é só isso: vários catadores de caranguejo da região dizimam o bicho com um tipo de armadilha: a redinha. “Dessa forma, o caranguejo ao sair vai se emaranhando e se embolando. Quanto mais ele se mexe mais, ele se embola e se emaranha. Isso não pode”, alerta Joaquim Neto, chefe da Reserva de Cassurubá.

As comunidades também sofrem com interferências externas. Na cidade de Caravelas, onde fica a maior parte da reserva, uma grande produção de eucalipto é escoada pelo mar. Para a barcaça sair carregada e não encalhar, uma draga precisa escavar o canal. A lama e os sedimentos do fundo são jogados em outro ponto.

A possível exploração de petróleo é outra preocupação. Dezesseis blocos em torno de Abrolhos já foram licitados pela Agência Nacional do Petróleo. Uma decisão judicial que impedia a exploração foi derrubada no fim do ano.

“Não existe nada que impeça legalmente a exploração de petróleo no banco dos Abrolhos. Na fase de produção, que é quando já está tirando o petróleo, é quando são maiores os riscos de vazamento. E aí podem ser vazamentos desde pequena escala até vazamentos de grande escala. Seria muito difícil ou praticamente impossível evitar os riscos deles em ambientes tão sensíveis, como os recifes de corais ou os manguezais”, informa Guilherme Dutra, membro do Programa Marinho da Conservação Internacional.

Assista!




 
FONTE: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário