Bom base em um estudo publicado no início de abril, o IBJ defende proteção especial de uma área na costa do Espírito Santo, ao Sul de Abrolhos, que ajudaria também a preservar outras espécies, e também a adoção de medidas que diminuam o impacto das ações humanas sobre as baleias. A publicação é resultado do mestrado de Cristiane Martins, pela Universidade de Brasília, que cruzou dados sobre a densidade de baleiras no litoral da Bahia e Espírito Santo e os riscos que atividades humanas oferecem a elas.
Ao longo de 1324 quilômetros de litoral, foram identificadas duas grandes regiões de concentração da baleia, uma delas no Parque Nacional Marinho de Abrolhos e imediações, onde se tenta há alguns anos aumentar a extensão de áreas protegidas, e outra ao Sul, há no litoral do Espírito Santo. Foram identificadas também locais afetados por atividades nocivas às baleias: tráfego de grandes navios, rotas de cabotagem, presença de portos próximos e interesse da indústria do petróleo.
Além da necessidade de proteger uma área no litoral capixaba, ao Sul de Abrolhos, o instituto propõe medidas para disciplinar as atividades humanas na região, de modo que reduzam os riscos e os impactos sobre as baleias. “Unidades de Conservação são importantes, mas com o estudo é possível propor ações como mudanças de rotas das barcaças de carga”, defende Márcia Engel.
É possível conviver melhor com elas, como mostram exemplos de regras que já foram adotadas. Após um estudo realizado em 2003, o IBJ conseguiu um acordo com transportadores que carregam eucalipto e celulose em barcaças ao longo do litoral sul da Bahia. Foi definida uma nova rota, que reduz o risco de atropelamentos de baleias. Regras como esta ajudam a proteger as baleias, mas ainda são poucas.
Outro exemplo é um acordo em vigor desde 2003, que evita estudos sísmicos na área de ocorrência das jubartes entre os meses de julho e novembro, período em que elas são mais frequentes no litoral brasileiro. Há dois anos, esse acordo se transformou em Instrução Normativa. O acordo protege as baleias do ruído provocado por explosões realizadas durante a fase de prospecção de petróleo, que afetam a comunicação durante a época reprodutiva, afetando até a duração das canções emitidas pelas jubartes.
A baleia jubarte, por se reproduzir em áreas costeiras, é a segunda espécie que mais sofre esse tipo de acidente. O hábito deixa também os filhotes vulneráveis às redes de emalhes usadas pelos pescadores. Adultos conseguem romper a rede, mas as menores ficam presas e podem morrer afogadas. E graças à proibição da caça e outras medidas para protegê-las, com a criação do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, as baleias estão voltando ao nosso litoral. Aprender a conviver com elas, está cada vez mais importante.
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FONTE: IBJ, disponível também aqui.
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