A primeira vez a gente não esquece
20 de setembro de 2011Em mar aberto, é difícil saber onde fixar a vista. Olha-se adiante, para as laterais e para as outras pessoas embarcadas, afinal, quanto mais pares de olhos atentos, melhor. Mas, infalivelmente, é o bem treinado olhar do guia que acompanha a embarcação, ou do comandante, que dão o aviso: “baleia!”.
É o suficiente: a respiração para, o coração acelera e os gritinhos são ouvidos por todos os lados do barco. Só então é que o olhar encontra a causadora de tanta comoção, a jubarte, parada, cabeça para baixo e cauda para cima. O barco pode se aproximar, segundo conta Milton Marcondes, do Instituto Baleia Jubarte. E se aproxima, o bastante para todos registrem verdadeiros “closes” das jubarte.
Foi meu primeiro encontro com uma baleia em seu habitat natural. Difícil não sentir-se privilegiado naquele cenário, com a incrível sorte de ter diante de si uma baleia nada tímida, que permaneceu “cauda para cima” por cerca de 15 minutos, fazendo a alegria completa de todos a bordo.
Maria Izabel em seu primeiro encontro com a Jubarte
Muitas fotos depois e olhares ainda hipnotizados no cetáceo gigante, a jubarte decidiu partir, deixando a água marcada com seu rastro, inconfundível, uma vez que ao mergulhar a baleia joga para a superfície a água do fundo do mar. Conhecedores do “rastro” da jubarte, o passeio só melhorou.Além de tentar avistar as baleias, procuramos as marcas na água e os borrifos vistos ao longe, que indicam a posição exata dos grupos.
O Instituto Baleia Jubarte estima em cerca de nove mil o número de jubartes que deixam as águas frias da Antártida para acasalar, dar à luz e amamentar no litoral sul da Bahia. É essa a região preferida por 80% das jubartes que visitam o litoral brasileiro, segundo o Instituto.
No passeio ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, é quase impossível não encontrá-las. Vimos dezenas: mães com filhotes, grupos competidores, nos quais uma fêmea é seguida por quatro, cinco ou seis jubartes macho, e baleias solitárias. Os borrifos no horizonte são o indicativo de quantas jubartes estão nadando juntas.
As jubartes têm em média 14 metros e cerca de 35 toneladas. Há sete populações – ou grupos – delas no mundo, classificadas segundo a área de migração que adotam. A população brasileira é a A, da Costa Atlântica, hoje com cerca de nove mil indivíduos e em crescimento, desde que o Brasil proibiu a caça de baleias, em 1986.
Dóceis, esses mamíferos alimentam-se de krill, uma espécie de camarão encontrado na Antártida. Para elas, o litoral baiano é uma espécie de “spa”, onde gastam a gordura acumulada nos meses de permanência na Antártida, enfrentando toda a temporada “baiana” em jejum. Voltam para a Antártida quando o verão chega – e a fome aperta. Afinal, só mesmo a fome para tirá-las das praias baianas.
Em tempo: não é preciso chegar ao arquipélago de Abrolhos para encontrar as baleias. Elas aparecem pelo caminho. Diz-se que a viagem não é o destino, mas o caminho. Em se tratando das jubartes e de Abrolhos, essa é uma verdade absoluta. E para saber mais sobre esses mamíferos, espie o www.baleiajubarte.org.br.
MARIA IZABEL REIGADA
Viagem a convite da Bahiatursa
FONTE: Enviado por Bahiatursa, também disponível aqui.
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